Meu parceiro de Futebol tem me acompanhado
regularmente nos estádios desde 2012. Ele tem 8 anos de idade e comemorou
comigo a conquista da nossa última Copa do Brasil. Aquela, daquele ano, quando
também caímos.
Ano passado, assim como em 2013, estivemos com o
Palmeiras em boa parte das partidas; Barueri, Pacaembu, Morumbi, Palestra.
Eu já era Avanti, ele ainda não. Não precisava, sua
idade lhe garantia entrada livre não para empurrar seu time a mais um título,
mas para ser mais um a gritar e dar forças ao nosso limitado elenco
profissional e fazer com que os jogadores tentassem, ao menos, manter o
time na divisão principal.
2014 foi um teste para o pequeno Palmeirense que,
diga-se, estava ainda em formação. Vimos - eu e ele - no Pacaembu, a eliminação
no Paulista diante do Ituano. Estávamos também no Municipal quando perdemos o
primeiro jogo das oitavas de final da Copa do Brasil para o Atlético-MG, 1x0. A
eliminação foi confirmada no jogo seguinte, no Independência, 2x0.
Acompanhamos, firmes e fortes, nosso time definhar
dolorosamente durante todo o campeonato Brasileiro.
Já era novembro e estávamos agonizando quando chegamos à rodada de número 35, beirávamos perigosamente o precipício do rebaixamento,
14ª
colocação.
Mas estrearíamos nossa casa nova. Com o Palestra de
volta reconquistaríamos nosso lugar, somos grande afinal (Nós: o Palmeiras). A
vítima seria o Sport. Era sobre ele que nossa volta por cima teria início.
Mas em sua própria casa, o pequeno Palmeirense já não
tinha mais a entrada garantida para apoiar o time que tanto apoiou em Barueri,
no Pacaembu, no Morumbi. Para ser mais uma voz a empurrar o Palmeiras, o
garotinho de 8 anos precisa agora pagar.
E assim foi feito; para continuar apoiando seu time,
que estava à beira de mais um vexatório rebaixamento, Vitor, meu filho de 8
anos, pagou 200 reais e pôde presenciar mais uma histórica e vexatória derrota
para um time inexpressivo, mas dessa vez em sua nova e moderna casa.
Aquele 19 de Novembro marcou a estréia do (estádio)
Allianz Parque, foi uma festa; discursos, músicas, palhaços, brincadeiras,
fogos de artifício. 36 mil torcedores presentes, R$4.915.835,00 de renda bruta.
Mas o Vitor não liga pra isso, ele liga para o Futebol.
E naquele dia, pela primeira vez pelo Palmeiras, Vitor
chorou.
2015, campeonato Paulista. Acompanhamos - Vitor e eu -
cada passo do Verde rumo a mais um título estadual.
Time completamente renovado, treinador recém chegado,
casa nova, torcedor novo.
Voltamos a vencer os principais rivais, massacre
contra o São Paulo, eliminação do Corinthians em pleno Itaquerão.
Voltamos com tudo, em 6 meses nos reerguemos, time
competitivo, vitórias taxativas, derrotas pontuais.
Chegamos à final. E quando o assunto deveria ser
Futebol, passaram a falar sobre economia e outros assuntos aleatórios; renda
bruta, renda líquida, receitas, patrocínios, camisas valiosas, lucros, cifrões,
centenas de milhares de sócios torcedores.
Mas o Vitor não se importa com isso. Ele se importa
com o Futebol. Foram duas semanas de perguntas e comentários. Pai, o jogo vai
ser na Vila ou no Pacaembu? Onde vamos assistir? Vai passar na TV? O Valdívia
joga? E o Dudu? O Prass é monstro! Você coloca a camisa verde em mim? Ou
prefere a branca nova? Cadê a bandeira? Vai pendurar na parede?
Chegou, enfim, o dia 3 de Maio.
Por sua renda de 23 milhões, seus 118 mil sócios
torcedores, o Palmeiras alcançou à final do campeonato Paulista exaltado pela
mídia. O primeiro jogo da final gerou 4 milhões de renda, recorde do campeonato.
Mas o Vitor não dá a mínima para isso.
Era por volta das 19 horas, e neste dia, pela segunda
vez pelo Palmeiras, Vitor chorou.
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Texto de autoria minha, orignalmente publicado no site Turiassú 1840
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Texto de autoria minha, orignalmente publicado no site Turiassú 1840