segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Highway to Hell

Nosso time caminha a largos passos para um lendário vexame.
Fatalmente, esse será um ano marcado pela incompetência sonolência da diretoria alviverde e eternizado pelo vexatório futebol apresentado por um elenco medíocre que nada faz para superar suas exageradas limitações.
A esperança do triunfo nas competições em disputa são - há muito tempo - meros delírios. Pensar em uma classificação para A Copa é um triste devaneio, digno de um amante platônico.

Olhamos os personagens que correm desorientadamente pelo campo e vemos um rascunho amorfo daquilo que deveria ser uma esquadra capaz de enfrentar seus maiores inimigos. Mas ao contrário disso, o que mostra o Palmeiras ao seu malfadado torcedor, é que o final desta temporada será igual as já costumeiras e agonizantes campanhas.
Nossos tradicionais rivais parecem não ser mais aqueles com quem travávamos notáveis batalhas, hoje vamos a campo sem saber se o nosso Palmeiras disporá de força suficiente para vencer um time de Chapecó, ou de Criciúma, ou mesmo se sairemos vitoriosos diante de um desfragmentado Bahia. Vejam, amigos, onde nos colocaram!
Hoje não disputamos posição com os maiores do País. Ao contrário; lutamos contra Figueirense, contra Avaí, contra Vitória. Nossos habituais rivais estão a anos de distância, dezenas de pontos a frente.

Nós Palmeirenses torcemos, evidentemente, pela vitória do Palmeiras, mas recorrentemente somos tentados a secar os demais infortunados clubes que estão na árdua batalha contra o desesperador rebaixamento, afinal são eles nosso concorrentes. E é triste constatar que isso faz algum sentido para a Real diretoria Palestrina (se é que assim podemos classificá-la), pois fazendo uma análise a partir da nebulosa ótica daqueles que conduzem nosso time para sabe-se lá onde, é fortuito concluir, que estes - sim, os pobres infortunados - são, agora, nossos novos principais rivais, afinal são eles os prováveis herdeiros de nossa vaga na primeira divisão.

Estamos sem direção. Estamos sem time e estamos sem casa.

Resta ao Palmeiras sua incansável e onipresente torcida. Esta que mesmo maltratada, mesmo carente e há muito tempo sedenta por uma equipe que represente o seu time do coração está lá - derrota após derrota, vexame após vexame - torcendo pela Sociedade e vociferando contra aqueles que não a representam.

Na quarta-feira estaremos no municipal, sofrendo ao ver o Verde sofrer para manter uma vantagem de dois gols sobre mais um temido rival; o Avaí.

domingo, 3 de agosto de 2014

Ela

Conceitualmente iguais, primorosamente diferentes.
Algumas são leves e de difícil relação, outras são mais encorpadas, descomplicadas. Cada uma delas com seus atraentes detalhes.

Em um gramado, numa prosa qualquer, durante um distinto momento de sedução, onde charmes e afagos são presunçosamente lançados é possível distinguir aquelas que não dispensam o jogo da conquista, mas que preferem o sabor da objetividade, elas são sedutoramente breves, diretas. Dispensam, sem compaixão, cansativas e entediantes milongas. É como se as ações do infeliz conquistador estivessem atrasadas em relação a expectativa da donzela. Ele a quer levar num lugar onde ela já gostaria de estar.
Já outras são, por assim dizer; complicadas. Para estas, habilidades específicas são exigidas. Normalmente elas vêm de experiências traumáticas, onde o homem não soube como tratá-la e acabou por dispensá-la, assim de qualquer maneira.
Essas maravilhosas nuances causadas pela concepção singular de cada uma delas, estimula os homens a desenvolverem habilidades distintas acerca da conquista. Pobre daquele que não as possui.

Ocorre, amigos, que ela é a protagonista. Sem ela o espetáculo não faria sentido, é obrigação do homem tratá-la bem. Para aqueles que se relacionam permanentemente com elas, o compromisso é ainda maior. Neste caso, permitir o sofrimento destas raras criaturas é crime, e para os culpados não há subterfúgios dignos de absolvição.

É preciso saber como atraí-la até você, respeitá-la é primordial. Acarinhar e saber manejá-la lhe trará confiança. A cautela ao conduzi-la aos melhores e mais estratégicos lugares fará de você alguém diferenciado e ao derradeiro toque ela será sua.
Faça isso sempre que entrar em campo e então se consagrará, a reverência de todo o estádio será direcionada a você e o Verde lhe reconhecerá.

A carência da Academia, caros Palestrinos, é esta; um Don Juan. Um conquistador capaz de dominá-la, de recebê-la, colocá-la habilidosamente no peito, fazê-la delicadamente chegar aos seus pés e então, com maestria, conduzi-la por entre os mortais até além da linha fatal.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Identidade

Em 1994 eu tinha a idade do meu filho e, com sete anos, não ficava em dúvida sobre a camisa a ser utilizada pelo time nesta ou naquela partida. Era verde e branca, ou branca e verde, em resumo: inconfundível.

O burlesco embaraço que hoje meu filho enfrenta em infindáveis partidas do Palmeiras, sobretudo neste ano de centenário, eu jamais enfrentei na infância. Confusões com diferentes tons de verde, diferentes azuis, dourados, amarelos e deploráveis combinações do verde com o branco.
Esta aparenta ser uma preocupação de aspecto bobo, indigna de atenção até. Não é! Não tratamos aqui de beleza, não se trata de um simples padrão ou, como alguns podem supor, conservadorismo. Tratamos aqui, amigos, de tradição.

É deprimente ver um time que não se identifica com a própria torcida. O verde ostentado na arquibancada é autêntico, é vivo, já o verde que corre desorganizado em campo está visivelmente desbotado, sem brilho e sem seu já carunchento orgulho. O Verde sofre.

Fato muito parecido ocorre com a escalação do time que vai a campo. Tempos atrás havia (há quem diga que ainda há) uma máxima mais ou menos assim: "Um Palmeirense que se preze tem a escalação na cabeça". Estou certo de que muitos ainda guardam consigo cada nome, sobrenome e apelido daqueles que formaram times capazes de honrar a camisa e orgulhar aqueles que incansavelmente lhes aplaudiam da arquibancada. Hoje não mais.
Durante um jogo, hoje meu filho questiona: "Pai, quem é esse cara?". Em um fim de semana despretensioso ele me abordada outra vez: "Mas pai, é o Allan Kardec com a camisa do SPFC? O que ele está fazendo lá?". Não que NOMES façam do time o que ele é por essência. Mas a ausência deles não nos permite vencer (e vencer definitivamente não é superar Avaís da vida).

Na arquibancada, avesso a qualquer jogador, meu garoto confuso assiste o Palmeiras. Mas torce por nós.
O gol provoca o grito, libera as emoções, produz abraços. A vitória rende animadas e pueris conversas na longa volta para casa. Cada lance é rememorado, cada jogada é veementemente narrada.
A derrota por sua vez traz melancolia. A viagem para casa torna-se silenciosa, gelada. Eu dirijo, ele dorme.
Cada fracasso destrói a possível existência de novos agradáveis momentos.

Mas um infortúnio não deveria causar tanto dano, afinal de contas um revés é apenas um revés, ora! Algo previsível e parte integrante do futebol, pois como bem dizem: "A possibilidade da derrota é o que dá sabor à vitória!" Sim, mas não no nosso caso, não nas atuais condições. Os reveses alviverdes vêm sendo produzidos dia após dia, gestão após gestão, pela execrável abdicação de sua identidade.

sábado, 26 de julho de 2014

É dia de Derby

Amanhã é o dia em que acordamos cedo, o estômago não nos deixa prolongar o sono e logo denuncia a ansiedade.

Vestindo a camisa usada em 93, a caminho da padaria você cruza com um deles, o olhar é direto, um cumprimento breve e sério, uma real encarada, como a de dois oponentes prestes a iniciar o combate. Um e outro pensando na batalha das 16. Neste dia não há compromissos, não há lazer, os problemas são esquecidos. É dia de Derby!
A manhã é dedicada à fase de especulação, como o time vai a campo? Qual a formação escolhida? Será um jogo aberto? Truncado? É um dia todo em vigília. "Defesa desfalcada!", "A lateral tá fraca!", resmungos e palpites tentam - em vão - abreviar o êxtase do apito que dá inicio a peleja. Essa fase é talvez a pior, os fantasmas são evocados e as superstições postas à prova. A torcida é para que o imponderável jogue a nosso favor, afinal um Derby não é vencido por tática ou técnica, a mística do clássico não permite intervenção humana.
No almoço, uma cerveja aqui e outra ali têm a ingrata e ineficaz função de ludibriar o cérebro e tentar controlar a inquietude. Não dá. Da indiscutível vitória à uma perniciosa derrota, os voláteis desvarios só nos abandona aos 48 do segundo.

Os Sulistas que me perdoem. Os Cariocas românticos que concordem, mas este é o maior dos clássicos. Não há uma Brasil x Argentina que se compare ao que é um Palmeiras x Corinthians. Não é uma simples partida, é um campeonato à parte. Inexplicavelmente mais intenso.

A partida se encerra ás 18, as prosas em uma semana. E na memória dos que a testemunharam, ela se eterniza.


À vitória, Palestra!