quarta-feira, 14 de agosto de 2013

2013 e o dilema Palmeirense

Se em 2014 um psicanalista terminasse uma sessão perguntando a um torcedor do  Palmeiras sobre como foi o ano de 2013, a resposta certamente seria: “foi um ano triste, mas com terças e sextas-feiras de extrema felicidade”.
Foto de Grabiel Uchida - Foto Torcida

O momento vivido pelos Palmeirenses é um dilema formidável. A sequência de resultados positivos e a merecida  - porém obrigatória - posição do time na tabela inserem no rosto do torcedor um sorriso fisicamente intenso, com todas as características requeridas para configurar tal sorriso como verdadeiro. O psicanalista, no entanto seria capaz de trabalhar horas, senão dias, com uma intensa e profunda inserção no subconsciente do torcedor que, a cada sorriso fisicamente verdadeiro é atormentado pela constante constatação e permanente despertar à uma realidade fria e cruel, a série B.
Na cancha, a felicidade das vitórias. Na volta pra casa, a angústia e o choque de realidade, estamos na série B.
Não é, e jamais haverá de ser motivo de orgulho ao torcedor Palmeirense as vitórias sobre os pequenos da segunda divisão.
Mas como não se orgulhar de uma campanha tão boa, conquistada por um time que há algum tempo atrás sofria seis gols do poderoso Mirassol? De um time que há alguns meses atrás perdia para o Penapolense. Um time que, embora campeão da Copa do Brasil, fora rebaixado no Brasileirão?

O conflito do torcedor Palmeirense se intensifica nas arquibancadas. Os torcedores sabem que a obrigação do time é vencer e vencer, até que A VOLTA seja alcançada, ainda assim ouvem-se gritos de olé vindos da bancada, mesmo contra times bem modestos. Mas, pensemos; dá para criticar um torcedor que grita olé quando o Palmeiras está vencendo o ABC de Natal pelo placar de 4x0? A quanto tempo a calejada torcida não vê seu time marcar 11 gols em 3 jogos? Há quanto tempo não vemos o Palmeiras criar jogadas criativas? A quanto tempo o torcedor não vê um padrão tático do apanhado de jogadores de verde que entram em campo? A quanto tempo não tínhamos um time?

15 jogos, 2 derrotas, 1 empate, 12 vitórias. Melhor ataque do campeonato, melhor defesa, líder do campeonato, 12 pontos de diferença do quinto colocado. Invencibilidade de 10  jogos.
Mas de que vale isso tudo? Afinal estamos na série B. E o retorno à série A não é outra coisa senão dever, não podemos inflar nosso ego com isso, o Palmeiras deve apenas recuperar a posição que é sua por direito, nada mais. Não há extraordinariedade na segunda divisão, por mais que os números sejam extraordinários, a agonia de estar em uma divisão que não a principal não é mitigada.

O contentamento de nós torcedores para com o time se dá através da quebra da incerteza que nos acabrunhava antes do inicio do “tour no inferno”: nosso time subirá? Era o que nos perguntávamos. Agora vemos que sim! Salvo, é claro, algum imprevisto, imprevistos estes que para nós Palmeirenses já não tem a mesma semântica, haja vista o que vem ocorrendo com o nosso time há alguns –muitos – anos.

Há, ainda, os que tentam justificar a participação en la B sob o argumento de que essa vexatória temporada possa ser utilizada como forma de laboratório técnico-psicológico para que o time se reencontre e volte mais leve à série A. Aqui, devo - como torcedor - lembrar que o Palmeiras jamais estará leve em uma competição. O Palmeiras carrega o fardo de sua tradição e isso implica na obrigação de ter que entrar em qualquer competição com a incumbência de lutar pelo título de maneira honrosa. E isso definitivamente não se aplica à série B, uma vez que disputar essa competição elimina qualquer honraria que possa ser sugerida.
A felicidade das vitórias sobre os Oestes, os ABCs de Natal, os Américas de RN e os ICASAs definitivamente não sobrepõe a tristeza de estar disputando um campeonato que não condiz com a tradição do Alviverde Imponente.

 E a dúvida que paira sobre a cabeça de nós torcedores durante todo o ano é sempre a mesma: o que nos fez sofrer mais? O ano do rebaixamento ou o ano como rebaixado?