Se em 2014
um psicanalista terminasse uma sessão perguntando a um torcedor do Palmeiras sobre
como foi o ano de 2013, a resposta certamente seria: “foi um ano triste, mas
com terças e sextas-feiras de extrema felicidade”.
Foto de Grabiel Uchida - Foto Torcida
O momento
vivido pelos Palmeirenses é um dilema formidável. A sequência de resultados
positivos e a merecida - porém
obrigatória - posição do time na tabela inserem no rosto do torcedor um sorriso
fisicamente intenso, com todas as características requeridas para configurar
tal sorriso como verdadeiro. O psicanalista, no entanto seria capaz de
trabalhar horas, senão dias, com uma intensa e profunda inserção no
subconsciente do torcedor que, a cada sorriso fisicamente verdadeiro é
atormentado pela constante constatação e permanente despertar à uma realidade
fria e cruel, a série B.
Na cancha,
a felicidade das vitórias. Na volta pra casa, a angústia e o choque de
realidade, estamos na série B.
Não é, e
jamais haverá de ser motivo de orgulho ao torcedor Palmeirense as vitórias
sobre os pequenos da segunda divisão.
Mas como
não se orgulhar de uma campanha tão boa, conquistada por um time que há algum tempo
atrás sofria seis gols do poderoso Mirassol? De um time que há alguns meses
atrás perdia para o Penapolense. Um time que, embora campeão da Copa do Brasil,
fora rebaixado no Brasileirão?
O conflito
do torcedor Palmeirense se intensifica nas arquibancadas. Os torcedores sabem
que a obrigação do time é vencer e vencer, até que A VOLTA seja alcançada,
ainda assim ouvem-se gritos de olé vindos da bancada, mesmo contra times bem
modestos. Mas, pensemos; dá para criticar um torcedor que grita olé quando o
Palmeiras está vencendo o ABC de Natal pelo placar de 4x0? A quanto tempo a calejada
torcida não vê seu time marcar 11 gols
em 3 jogos? Há quanto tempo não vemos o Palmeiras criar jogadas criativas? A
quanto tempo o torcedor não vê um padrão tático do apanhado de jogadores de
verde que entram em campo? A quanto tempo não tínhamos um time?
15 jogos, 2
derrotas, 1 empate, 12 vitórias. Melhor ataque do campeonato, melhor defesa, líder
do campeonato, 12 pontos de diferença do quinto colocado. Invencibilidade de
10 jogos.
Mas de que
vale isso tudo? Afinal estamos na série B. E o retorno à série A não é outra
coisa senão dever, não podemos inflar nosso ego com isso, o Palmeiras deve
apenas recuperar a posição que é sua por direito, nada mais. Não há
extraordinariedade na segunda divisão, por mais que os números sejam
extraordinários, a agonia de estar em uma divisão que não a principal não é
mitigada.
O contentamento
de nós torcedores para com o time se dá através da quebra da incerteza que nos
acabrunhava antes do inicio do “tour no inferno”: nosso time subirá? Era o que
nos perguntávamos. Agora vemos que sim! Salvo, é claro, algum imprevisto,
imprevistos estes que para nós Palmeirenses já não tem a mesma semântica, haja
vista o que vem ocorrendo com o nosso time há alguns –muitos – anos.
Há, ainda,
os que tentam justificar a participação en
la B sob o argumento de que essa vexatória temporada possa ser utilizada
como forma de laboratório técnico-psicológico para que o time se reencontre e
volte mais leve à série A. Aqui, devo - como torcedor - lembrar que o Palmeiras
jamais estará leve em uma competição. O Palmeiras carrega o fardo de sua tradição
e isso implica na obrigação de ter que entrar em qualquer competição com a incumbência
de lutar pelo título de maneira honrosa. E isso definitivamente não se aplica à
série B, uma vez que disputar essa competição elimina qualquer honraria que possa
ser sugerida.
A
felicidade das vitórias sobre os Oestes, os ABCs de Natal, os Américas de RN e
os ICASAs definitivamente não sobrepõe a tristeza de estar disputando um
campeonato que não condiz com a tradição do Alviverde Imponente.
E a dúvida
que paira sobre a cabeça de nós torcedores durante todo o ano é sempre a mesma:
o que nos fez sofrer mais? O ano do rebaixamento ou o ano como rebaixado?
Muito bom o texto.. boa sorte no blog..
ResponderExcluirObrigado Ralf. Inicialmente, publicaremos 2 textos por semana.
ExcluirEsteja presente.
Abraço.
Parabéns e vida longa ao blog.
ResponderExcluirQuanto ao texto, muito bem escrito, retrata nossa angustiante realidade nesse 2013. Qualquer coisa que aconteça, de bom, não deixará de ser o óbvio e obrigatório.
Lembro de um dito recorrente em minha família: Primeiro a obrigação, depois a devoção.
Esse ano, só temos obrigação, nada de devoção.
Sobre esse mesmo assunto, uma ótima matéria de Humberto Luiz Peron, na Folha de S. Paulo, publicada no dia 14/08, também ilustra nossos sentimentos.
Saudações alviverde,
Zé Bocca.
Saudações Zé Bocca.
ExcluirSeja bem vindo ao Blog e obrigado pela crítica.
Esteja sempre por aqui.
Abraço
Excelente texto. Conseguiu retratar muito bem o sentimento do palmeirense.
ResponderExcluirNos resta tentar o título da Copa do Brasil, para poder realmente comemorar um título do nível do Verdão, ainda esse ano.
Desejo sucesso para o blog! Parabéns!
O título da Copa BR tem que ser o objetivo, pois a volta à primeira divisão deve ser tranquila e natural.
ExcluirBem vindo ao blog.
Abraço